Congresso do PS, mas...
Hoje e amanhã (29 e 30/11) ocorre o congresso do Partido Socialista, em Lisboa. É habitual que os jornalistas façam perguntas sobre os congressos que decorrem. Com efeito, destes saem as grandes linhas orientadoras para os futuros dois anos. Não foi assim, desta vez, com o congresso PS. Quais abutres (com boas excepções) que querem motejar o que resta do repasto, que tem alimentado os últimos dias! Pergunta imediata de certos “jornalistas”: «Não acha que a prisão de Sócrates está a criar embaraços ao Partido Socialista»?
Não ignoro que o tema é actual, que desperta interesse, que concita amores e ódios; que para alguns bons juízes de coisa nenhuma, que tudo julgam, José Sócrates já está condenado pelos crimes que cada um acha que ele cometeu, “por isso está preso”. Acabou-se.
O JORNALISTA tem todo o direito, direi, o dever, de questionar os socialistas sobre a prisão de José Sócrates. Mas… a primeira pergunta no decurso de um congresso! Não me dispenso de cognominar tais personagens de praticar um jornalismo tablóide. O pior é que sabemos que este jornalismo tem mercado.
Mas, caros leitores, permitam-me que recorde Cândida Ventura, uma ilustre militante do PCP, partido que veio a abandonar, que escreveu em 1984, no seu livro “O Socialismo que eu vivi. Testemunho de uma ex-dirigente do PCP”. No seu interior encontramos uma frase muito popular. “Quem tem telhados de vidro não deverá atirar pedras”. E já se sabe bem porquê…
Só mais um pequeno reparo: porque será que algumas pessoas atacam ferozmente outras pessoas? Por inveja, suspeição, ataque por ataque, por medo… Desconfio sempre daqueles que são muito ligeiros a atacar outros, como se eles estivessem acima do bem e do mal. Mas cuidado! Quando o ataque é desmesurado, normalmente esconde qualquer coisa. Acha que não?
António Pinela, Reflexão.