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FILOSOFIA

A Filosofia nasce na Grécia, em Mileto , cidade Jónica da Ásia Menor, hoje Turquia. A sua emergência resulta do facto dos primeiros pensadores sentirem necessidade de compreender e explicar a natureza (Physis) de modo racional.

FILOSOFIA

A Filosofia nasce na Grécia, em Mileto , cidade Jónica da Ásia Menor, hoje Turquia. A sua emergência resulta do facto dos primeiros pensadores sentirem necessidade de compreender e explicar a natureza (Physis) de modo racional.
28.06.17

Sebastião Pereira, o "jornalista" escondido


António A. B. Pinela

Um tal “jornalista” português, Sebastião Pereira, escondido atrás da cortina do pseudónimo, critica o governo português, num jornal espanhol, “El Mundo”, a propósito da desgraça que se abateu sobre Pedrogão Grande. Porquê sob pseudónimo?

Então, para criticar o governo é preciso esconder-se? É preciso “refugiar-se” em Espanha? Ou é falta de coragem para dizer claramente o que “Sebastião Pereira” [ou lá o que ele seja] pensa, mas que não é capaz, com receio de ser conectado com algum partido menos recomendado, no momento, em Portugal?

Esconder-se em nada ajuda a democracia.

Critique-se o que houver por criticar, esclareça-se o que houver por esclarecer, sem ambiguidades nem malabarismos jornalísticos ou políticos. O povo de Pedrogão Grande merece essa coragem e esse respeito.

Quando não somos capazes de assumir o nosso pensamento, então a liberdade e a democracia começam a anemiar

António Pinela, Reflexões.

21.06.17

Politiquices com a dor alheia


António A. B. Pinela

Há por aí uns políticos/as - quais abutres! - que não respeitando, sequer, a dor daqueles que tantos familiares e amigos perderam, já estão a fazer política, digo: politiquice, com a desgraça alheia, pedindo já a cabeça daqueles que, eventualmente, tenham falhado em Pedrogão Grande. Arre!

Deixem o rescaldo arrefecer. Depois, no Parlamento, onde parece que estão, façam a sua CRÍTICA, ou seja:

  1. Façam uma análise clara e esclarecedora da situação,
  2. Indiquem o que correu bem,
  3. Indiquem o que falhou,
  4. Apontem sugestões: a) de prevenção para melhorar o sistema; b) de coordenação e de combate…

Provavelmente, estou a pedir muito a quem pensa que CRITICAR é dizer mal dos outros, mas não «meus lindos». A crítica é um instrumento fundamental do pensamento, sem a qual toda a retórica não passa de ‘balelas’.

Só mais uma nota: que digam também, os tais que já vieram a terreiro, e já passaram pelo governo da República, quais foram os seus contributos para melhorar o sistema de prevenção e de ataque aos fogos, que todos os anos assolam o nosso país.

Deixem-se de olhar para os vossos interesses imediatos e mesquinhos e façam política a sério.

António Pinela, Reflexões.

10.06.17

Onde estão as Ideias?


António A. B. Pinela

«Quando muitas vezes os jornalistas dizem que não há ideias, esquecem-se de que é preciso ir procurá-las onde elas estão: no trabalho dos filósofos. E os filósofos portugueses trabalham. Talvez de uma forma demasiado silenciosa, mas trabalham. Só que - ao contrário do que se tinha a ilusão de acontecer noutros tempos - as ideias que eles produzem não se traduzem directamente em efeitos políticos. São políticas, por vezes, mas de uma forma indirecta. E por isso passam despercebidas, em tempos em que o que não é directo não tem tempo para existir. Por exemplo: um dos maiores pensadores americanos, Willard Quine, morreu há semanas. Não vi uma única linha nos jornais portugueses. É pena. Mas não será também culpa dos filósofos portugueses que não chamaram a atenção para o acontecimento? Comentando o facto com o meu amigo João Sáagua, ele dizia: «se fosse o Derrida, tinha páginas e páginas...»

(Eduardo Prado Coelho, «O Fio do Horizonte», in Jornal Público, Edição de Lisboa, 16 de Fevereiro de 2001).

09.06.17

Perguntaram a Dalai Lama...


António A. B. Pinela

"O que mais te surpreende na Humanidade?"
E ele respondeu:
"Os Homens... porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido." (
Dalai Lama).

08.06.17

Somos vistos pelo que fazemos e somos


António A. B. Pinela

Vivemos num tempo em que a moda é parecer ao invés de ser. Os modismos estão por aí em todos os sítios. E navega-se um pouco à espera que surja uma nova moda para que entremos nela.

Se a moda vigente é dizer palavrão, então temos todos de dizer palavrão, é de bom tom, senão ainda nos vão considerar cotas, velhos e antiquados; mas se a moda é o snobismo, há que ser snobe e, como tal, temos que, custe o que custar, pertencer ao grupo dos tios e das tias, senão não entramos na roda dos mais in; mas se a moda é o espalhafato, porque não ser espalhafatoso? Temos é que acompanhar a moda, que diabo!

Vive-se num tempo em que o que importa é parecer. Parecer bem nas artes, na música (que também é uma arte), na discussão de todos os assuntos, na política, etc. E, sobretudo, parecer aquilo que não somos. Temos é de parecer qualquer coisa, de preferência parecer melhor do que o outro, pelo menos aos nossos próprios olhos. É o que faltava não sermos o melhor, que mais não seja na nossa imaginação! Ser melhor do que o outro é a preocupação dominante. No entanto, quase sempre nos esquecemos que há sempre alguém melhor do que nós, em algum aspecto da praxis humana. Ninguém é, em termos absolutos, o melhor. Há sempre qualquer coisa que nos falta e diferencia. E é neste pormenor que reside a beleza e a complementaridade da vida. E porque não é um ser absoluto, o homem é naturalmente um ser relativo, porque limitado. Precisa, portanto, dos outros.

Aliás, ninguém pode viver, nem sequer sobreviver, sem o outro. O outro é o alimento do eu. Esclareça-se que não há eu sem que haja um tu. Esse tu é o outro, mas não um ele... Ele passa ao lado, não conta na nossa aritmética, porque está fora do nosso cálculo relacional.

A reflexão sobre o eu e o outro seria um exercício interessante para todos aqueles que se julgam senhores de uma tal presença que transborda da sua própria esfera. E é este egocentrismo que faz com que, incapazes de se olhar, gente caia no mimetismo negativo, quase sem dar por isso, uma vez que estão convencidos de que agem ética e esteticamente de modo irrepreensível!

O espírito de observação e reflexão deveria conduzir-nos a contrariar este modus vivendi. Porque não queremos ser tal como somos? Porque queremos ocupar o lugar do outro? Por mais voltas que demos, nós só somos vistos por aquilo que fazemos e somos e não por aquilo que imaginamos que os outros vêem em nós. Não raro, a diferença entre o ser que somos e o ser que pensamos ser é abissal, sem que nos demos conta de que assim é. Isto porque somos pouco dados à reflexão e, sobretudo, porque envaidecemos com o figurão que imaginamos fazer, sem nos apercebermos que estamos a ser ridicularizados às nossa próprias mãos.

Ninguém pode ocupar o lugar do outro. Cada um ocupa apenas o seu próprio espaço, o espaço que, na sua caminhada, cada um sabe construir. É este espaço que é sua pertença. «O seu a seu dono», diz o povo.

Convencionalmente, todos somos iguais; naturalmente, todos somos diferentes. Há sempre qualquer coisa que nos diferencia e distingue do outro. Até, neste aspecto, precisamos do outro. E é esta diferença específica que dá encanto e caracteriza o ser humano.

Decorre da presente reflexão que o que importa não é parecer, mas sim ser; ser como somos, com os nossos defeitos, com as nossas virtudes, com os nossos tiques, com a nossa personalidade. A grandeza de cada ser humano decorre das suas qualidades e defeitos, da sua experiência e vivências, da sua existência enquanto ser caminhante

António Pinela, Reflexões.

03.06.17

A interdependência ecológica


António A. B. Pinela

A observação das relações que os seres vivos mantêm com o meio, em que vivem, nem sempre estimulou muito os estudiosos. Mas no século XX, as intervenções do homem, nem sempre felizes, e as consequências da civilização industrial, puseram particularmente em perigo a ecologia, com a destruição de diversas espécies indispensáveis ao equilíbrio ecossistémico.

A maior parte dos países ocidentais já tomou consciência do fenómeno e começou a tomar medidas. Teve grande impacto a Segunda Conferência Mundial das Nações Unidas, em Junho de 1992, no Rio de Janeiro. No entanto, não se tem feito muito, deste então, a favor de uma preservação ecológica saudável do Planeta.

Naquele púlpito do Mundo, todos, com responsabilidades na governação dos seus países, disseram que temos de preservar o planeta das incúrias do próprio homem. Mas a ideia com que ficámos, ao ouvir aquelas elites tão ‘sábias’ e ‘ilustres’, é que estavam a ditar leis para que outros cumprissem.

Àquelas bastaria que dissessem coisas que gostaríamos de ouvir, cogitaram eles, por certo. E nós (os outros) teríamos de cumprir as suas sentenças, enquanto os seus países continuariam (continuam) a poluir! É uma questão de ignorância ou de esperteza bacoca.

Os seres humanos gozam de uma certa autonomia relativamente à natureza, mas embora o Homem se apodere dela e a transforme em seu proveito, ele não pode fazer tudo quanto lhe apetece, sob pena de sofrer com os seus exageros, como, aliás, há muito tempo se observa!

Mas é conveniente não esquecer que é da interdependência ecológica do Homem com o Meio que resulta o equilíbrio da sua existência com a Natureza.

Como escreve Edgar Morin: «A ecologia (…) é uma ciência que nasce. Mas já constitui uma contribuição capital para a teoria da auto-organização do vivo, e, no que diz respeito à antropologia, reabilita a noção de natureza, na qual enraíza o homem. A natureza não é desordem, passividade, meio amorfo: é uma totalidade complexa. O homem não é uma entidade isolada em relação a essa totalidade complexa: é um sistema aberto, com relação de autonomia /dependência organizadora no seio de um ecossistema» (Edgar Morin, O Paradigma Perdido – A Natureza Humana, Lisboa, Europa-América, 1975, p. 27).

António A. B. Pinela, Reflexões.

02.06.17

Todos somos filósofos


António A. B. Pinela

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A Filosofia está ao alcance do entendimento comum, para que possa servir de orientação a quem dela carece directamente, embora os grandes desenvolvimentos estejam, de certo modo, "reservados" a especialistas, os filósofos, aqueles que tudo questionam, fazendo dessa forma avançar o conhecimento para uma melhor compreensão do mundo. Neste nível de reflexão está em causa pensar o que envolve a humanidade. Antevir, nesta dimensão do pensamento, requer persistência e coerência conceptual, o que não se experimenta num relance fugaz ou entusiasmo passageiro.

A contemplação filosófica liberta o pensamento do homem, tornando-o imparcial nas suas apreciações, com a finalidade de alcançar a verdade. Ao pugnar pela verdade, a contemplação amplia os nossos horizontes e esclarece os objectos da nossa acção e do nosso afecto, torna-nos homens mais conscientes, direcciona-nos para a prática de uma verdadeira libertação humana. Mas sendo contemplação, a Filosofia não está desligada da vida. Sem deixar de ser teórica, ela é também prática, tendo como sua preocupação contribuir para melhorar a existência humana.

Aquele que se afasta da vida quotidiana, das injustiças que ferem o mundo actual, da miséria e da pobreza criada pela ganância, pela ambição desmedida e pela cegueira do poder; aquele que não é capaz de um gesto contemplativo, que considera banalidades a metafísica, as ideias, ou mesmo o mistério divino, não é nem pode chegar a ser filósofo, nem será alguém feliz. O filósofo começa por ser aquele que se preocupa com todas estas situações, questionando-as permanentemente, visando a sua elucidação; e assim agindo, desenvolve a sua actividade criadora, cujo objectivo fundamental é contribuir para a libertação deste mundo das injustiças dos tiranos, gritando bem alto que o rei vai nu. Portanto, o filósofo bate-se contra os preconceitos, pela autonomia da razão; é aquele que, pela reflexão crítica, esclarece o seu pensamento e toma posição perante o mundo e a vida, procurando incessantemente o caminho da justa medida.

«Todos somos filósofos», diz Gramsci. No entanto, temos de distinguir o "filósofo" que todos somos, que ocasionalmente filosofa espontaneamente, do filósofo que sabe do ofício, o filósofo intencional, que concebe uma visão do mundo e da vida, que incessantemente persegue a busca de fundamentos para as suas ideias, princípios e concepções, que toma posição crítica sobre tudo o que ocorre. Enfim, o filósofo é o profissional que luta contra os preconceitos, o que está estabelecido, os dogmatismos e cepticismos, o laxismo e o facilitismo, procurando elucidar, por meio da reflexão, todos estes estados de espírito.

«Talvez possa dizer-se, esquematicamente, que o filósofo é aquele que mais pergunta, enquanto o sábio é o que mais e melhor sabe responder. Trata-se de dois perfis, não raramente coincidentes, mas que demarcam duas posturas ou posições que não devem confundir-se. Nos seus respectivos limites, o primeiro levar-nos-á ao ponto Ómega e aos confins do universo, enquanto o segundo nos conduzirá à supermecanização e automatização da vida e da sociedade.» (Romeu de Melo, In Diário de Notícias, de 26/12/87).

Ora, se o filósofo é aquele que ama, que procura a sabedoria, e se filosofar é estar a caminho, é a marcha do pensamento vivo, para se saber o que é a Filosofia tem que se fazer uma tentativa. Só então a Filosofia será simultaneamente a marcha do pensamento e a consciência desse pensamento.

A Filosofia não é, portanto, uma amálgama de teses sem relação, um conjunto de ideias desarticuladas. A Filosofia é um estado de alma, um produto da inteligência humana. Se a Filosofia é um estado da alma humana, o filósofo é aquele que se bate pela autonomia da razão; é aquele que, pela reflexão crítica, esclarece o seu pensamento e toma posição perante o mundo e a vida, procurando incessantemente o caminho da verdade. (António A. B. Pinela, Horizontes da Filosofia ).