Amiúde vem à baila a dita “REFORMA DO ESTADO”.
Ouvimos e vemos nas TV’s e lemos nos jornais que urge que Portugal faça as Reformas Estruturais. Reformas e mais reformas é o que reclama a direita, direitíssima, portuguesa, sobretudo aquela que governou no período da TROIKA, e agora, a contragosto, está na oposição. Mas, políticos, amanuenses e comentadores, tudo pessoas bem-pensantes apenas nos dizem: é preciso fazer a Reforma do Estado. Mas ficam-se por aqui. Não dizem quais as Reformas que é preciso fazer e, consequentemente, como as realizar. Pois é: dizer é uma coisa, fazer é outra, bem diferente, não é?
Questiono-me, então, será que estes sapientes “sabem” do que falam, ou falam de outiva, ou apenas correm atrás dos modismos para assinalarem: «eu estou aqui, também percebo da coisa, convidem-me para debates…»
Alguns, os mais afoitos, vão apontando as suas reformas: temos que acabar com as grandes filas de espera nos aeroportos, devido à deficiência dos serviços; não devemos permitir que o país arda mais e morram mais pessoas, devido à falta de coordenação de meios; que se apetrechem os quartéis para que não roubem mais armas… e outras coisas similares.
Outros, ainda mais “informados” vão dizendo que é preciso fazer muitas reformas, e dão alguns exemplos: O Serviço Nacional de Saúde, A Segurança Social, O Ensino Público, as Leis do Trabalho e acabar com “O modelo hostil à União Europeia, que perfilha o Modelo [neo] liberal…” Enfim, dizem os mesmos, que “precisamos de fazer reformas que tornem o Estado menos oneroso e mais eficiente” e “que se apoie mais a iniciativa privada". Tudo isto para criar aquilo que a direita retrógrada gosta muito: um Estado Mínimo. Porque uma política que fortaleça o Estado Social é algo que os repugna.
Os sábios a que me refiro, que tenho de ouvir e ler para os perceber, apelam, portando, a que o governo faça reformas, falando delas muito vagamente, para confundir o auditório, não indicando nada em concreto.
Seria interessante, e pedagógico, que tais personalidades dissessem claramente ao que vêm: que reformas querem, como as implementar? Desta forma dariam um forte contributo para o debate público de tão importantes medidas que defendem, e para o desenvolvimento sustentável do País, que tanto reclamam.
Deixem-se de apregoar loas que ninguém entende e digam ou escrevam palavras e textos que o povo perceba. Não falam para correligionários, apaniguados ou para amos. Falem claro e para todos.
António Pinela, Reflexões.