Liberdade humana
A vida humana constitui, a cada momento, um todo. Tanto é assim que os nossos actos presentes são sempre influenciados pela nossa história de vida.
Lenta, mas progressivamente, o homem vai-se circunscrevendo aos limites da sua vida momentânea e vai perdendo liberdade, porque cada vez mais o peso do seu passado influência o seu presente.
A liberdade humana está sempre comprometida com o existir. Com efeito, não existe liberdade abstracta. Assim, pode dizer-se que o homem está sempre limitado: está limitado pela sua constituição biológica, mas também psicológica; pela sua cultural, mas também, e particularmente, pelas suas decisões passadas.
«Se eu tivesse agora menos 10 anos faria isto ou aquilo», é comum dizer-se. O que quer dizer que cada homem podia ter sido muito diferente daquilo que é! Podia ter sido outro homem! Mas isso já não é possível. Aliás, nunca é possível – aquela oportunidade já passou, já não podemos escolher caminho diferente; apenas pequenos desvios, que ramificam o caminho anterior, são possíveis.
António Pinela, Reflexões.